O Dia de São Cosme Damião é comemorado no dia 26 de setembro pela Igreja Católica conforme o atual Calendário Litúrgico Romano do Rito Ordinário, e no dia 27 de setembro, segundo o antigo calendário.
Cosme e Damião são considerados santos, tendo nascido gêmeos e morrido por volta de 300 d.C. A crença católica diz que foram médicos e a santidade de ambos deve-se ao fato de terem exercido a medicina sem cobrar nada, devotados apenas à fé.
A Igreja Católica Romana celebrava a data no dia 27 até 1969, quando houve a reforma litúrgica. Em razão da importância de São Vicente de Paulo, cuja data de morte é 27, este ficou com o dia 27 enquanto Cosme e Damião, cuja data de morte não é conhecida, foram levados para o dia anterior.
No entanto, para católicos tradicionais, que são devotos mais antigos, e para as religiões afro-brasileiras, que também cultuam os santos, a data, no Brasil, continua sendo 27 de setembro.
A Igreja Ortodoxa, que também os considera santos, comemora seu dia em 1° de novembro, enquanto os Ortodoxos Gregos, no dia 1° de julho.
De acordo com a tradição, Cosme e Damião nasceram em Egeia, atual Ayas, no golfo de Iskenderun (Ásia Menor), tendo ainda 3 irmãos. Seu pai foi mártir durante a perseguição de Diocleciano aos cristãos e ambos continuaram no cristianismo, curando os enfermos não apenas com o conhecimento, mas também com milagres. Os nomes verdadeiros dos gêmeos eram Acta e Passio e sua mãe, Teodata, também é venerada como santa na Igreja Ortodoxa.
A prática da medicina trouxe aos gêmeos grande reputação e, como não aceitavam pagamento pelos serviços, eram chamados de anargiras (avessos ao dinheiro). Com isso, conseguiram trazer muitos adeptos ao cristianismo.
O imperador Diocleciano também os perseguiu, mandando prendê-los e ordenando que retratassem a fé cristã. Como não obedeceram, foram torturados e, de maneira milagrosa, não sofreram qualquer ferimento nem por fogo, nem pela água e nem pela cruz. Foram decapitados, assim como seus irmãos, Antimo, Leôncio e Euprepio, que também são considerados mártires.
Os mártires foram enterrados na cidade de Ciro, na Síria, e, com o tempo uma série de relatos fabulosos eram contados sobre seus milagres. No século VI, o imperador Justiniano mandou restaurar a cidade em hora dos santos, depois de ter sido curado milagrosamente por intercessão de Cosme e Damião, também construindo uma igreja em Constantinopla, que se tornou um famoso lugar de peregrinação.
Os santos gêmeos são considerados patronos dos médicos e dos cirurgiões, sendo representados por emblemas médicos e invocados no Cânon da Missa e na Ladainha de Todos os Santos.
Alguns estudiosos acreditam que Cosme e Damião não existiram na realidade, sendo apenas uma versão cristã dos filhos gêmeos de Zeus, Castor e Pólux, que já eram cultuados muito antes do catolicismo através de um óleo atribuído a eles e que teria o poder de curar doenças e fazer mulheres estéreis conceberem.
O culto a Cosme e Damião foi trazido para o Brasil logo depois da descoberta, em 1530, através de Duarte Coelho Pereira, tendo se tornado padroeiros de Igarassu, no Estado de Pernambuco. No Nordeste brasileiro, até hoje eles são invocados para afastar doenças e epidemias.
O dia de Cosme e Damião é celebrado também pelas religiões afro-brasileiras, como o Candomblé, a Umbanda, o Batuque e outras seitas associadas, sendo considerados como os “ibejis”, orixás infantis e gêmeos, amigos das crianças e que teriam o poder de agilizar os pedidos feitos em troca de guloseimas. Nas religiões afro-brasileiras, Cosme é “o enfeitado”, enquanto que Damião é “o popular”.
A festa de Cosme e Damião nas religiões afro-brasileiras continua sendo comemorada em 27 de setembro, quando os centros religiosos se enfeitam com bandeiras e com desenhos, havendo ainda o costume de dar brinquedos e doces para as crianças durante o evento.
Na Bahia, o dia de Cosme e Damião é celebrado com comidas típicas, consideradas as preferidas pelos orixás mirins, como caruru, vatapá e pipoca. Atualmente, a festa na Bahia também agrega doces e guloseimas, que são ofertados às crianças da vizinhança dos terreiros.