O Dia de São Cromácio é comemorado no dia 2 de dezembro.
Cromácio, ou Chromatius, em latim, viveu no século IV em Aquileia, tendo falecido entre 406 e 407. A Igreja não tem sua data de nascimento e nem o local, tendo, provavelmente, crescido na cidade. Seu pai morreu quando Cromácio era uma criança e ele foi criado pela mãe, possuindo um grande número de irmãos mais velhos.
Aquileia, cidade onde Cromácio viveu, era a antiga capital do Vêneto, na Itália, sendo substituída por volta do ano 1000 por Veneza. É uma das cidades mais antigas da Europa, tendo sido convertida ao cristianismo no primeiro século da Era Cristã, o que a transformou num grande centro cultural da Igreja.
Além de centro cultural, Aquileia também era um importante centro político da então décima região militar do Império Romano, já que era passagem obrigatória para os que Ian da Itália para o leste da Europa, parte do Império.
No terceiro século, Aquileia foi elevada à categoria de diocese, sendo a terceira mais importante na Península Itálica, logo depois de Roma e Milão. O cristianismo teve como centro a cidade para se irradiar pelas antigas regiões da Dalmácia e Panônia, atualmente Iugoslávia e Hungria.
A cidade era considerada por São Jerônimo como a “comunidade de santos”, e foi nesse cenário que, entre os diversos bispos famosos, viveu São Cromácio.
Cromácio foi ajudante fiel do bispo Valeriano e colaborou na organização da diocese e na luta contra o arianismo, facção da igreja que semeava a heresia de que Jesus teria sido uma criatura escolhida e não Deus.
Sua casa era um centro de atividade espiritual, de estudo e oração, onde se encontravam sacerdotes e leigos, sempre dispostos a lugar pela Igreja e para o próprio crescimento espiritual. Depois da morte de Valeriano, Cromácio já era tão conhecido e respeitado que o Cléo e o povo o aclamou como novo bispo de Aquileia, no ano de 388.
Em sua atividade como bispo, Cromácio sempre se mostrou santo e sábio, mantinha sua energia na defesa e na doutrina e era incansável com relação à evangelização dos pagãos.
Cromácio também se destacou como grande pregador e escritor, tendo colaborado com São Jerônimo e Rufino no trabalho da tradução das Sagradas Escrituras do grego e do aramaico para o latim.
Sua ordenação ocorreu na época da morte de Valeriano, tendo sido um dos mais celebrados bispos de sua época. Uma de suas atividades foi manter correspondência bastante ativa com seus contemporâneos, depois também elevados à categoria de santos, como Ambrósio, Jerônimo e Rufino.
Diante da troca de conhecimentos, Cromácio tornou-se um teólogo bastante erudito, pedindo em suas cartas que escrevessem seus pensamentos. Ambrósio, estimulado por Cromácio, escreveu várias obras exegéticas e Jerônimo enviava-lhe constantemente traduções e comentários sobre os Evangelhos.
Em determinado momento de sua vida, entre Jerônimo e Rufino começou uma amarga disputa sobre a teoria do origenismo e Cromácio, com sua sabedoria, buscou reconciliar ambos, evitando que a disputas os separasse.
Em sua luta pela Igreja, conseguiu eliminar o arianismo de sua diocese e, além disso, também apoiou João Crisóstomo, o arcebispo de Constantinopla, quando este foi deposto no conflito com Teófilo de Antioquia.
Cromácio também foi ativo exegeta, tendo divulgados pela Igreja 17 tratados de sua autoria, com comentários sobre o Evangelho de Mateus e uma homilia sobre as oito beatitudes. Em 1969, o pesquisador Henri Lemarié encontrou e publicou mais 38 sermões de sua autoria.
São Jerônimo tinha grande admiração por Cromácio, considerando-o o mais santo e o mais douto dos bispos italianos de seu tempo, tendo lhe dedicado diversas de suas obras de exegese bíblica e agradecendo pela sua ajuda financeira no empreendimento da tradução de toda a Bíblia.
Numa de suas cartas dirigidas a Cromácio, Jerônimo manifesta sua admiração e afeto: “Todas as vezes que vossa carta chega às minhas mãos, parece me rever vossos amantíssimos rostos, como se estivésseis aqui comigo, ou em vossa companhia. Podeis crer em meu afeito que diz a verdade. Sinto muito que, estando vós separados de mim por tanta distância de terra e de mar, me tenhais enviado uma carta tão curta para o meu afeto tão grande”.
Cromácio deixou obras valiosas e morreu com fama de santidade no ano de 408, tendo sua festa marcada para o mesmo dia de sua morte.