O Dia de São João Roberts é comemorado no dia 10 de dezembro pela Igreja Católica em homenagem ao primeiro monge martirizado na Inglaterra, depois de o rei Henrique VIII separar a Igreja Anglicana da igreja de Roma.
John Roberts nasceu no condado de Merioneth, no ano de 1576, vindo de uma família católica, embora conformista. Aos 19 anos, foi admitido na universidade de Oxford e, após os estudos, em 1598, tomou o caminho de Londres para estudar Direito.
Na época, as escolas de Direito eram focos do denominado “papismo”, os conservadores católicos que aceitavam a soberania do papa, crença contrária a dos anglicanos e presbiterianos, que não aceitavam sua predominância sobre os ensinamentos religiosos.
Em uma viagem a Paris, foi recebido na Igreja Católica por um cônego de Notre-Dame e depois admitido no Colégio de Valladolid, na Espanha. Nesse país ficou entusiasmado com o prestígio do mosteiro de São Bento, sempre valorizado pela evangelização, lembrado por João Roberts pelo trabalho feito na Inglaterra, liderados por Santo Agostinho de Cantuária e por São Martinho de Compostela.
Em 1600, estava entre os beneditinos, onde recebeu a ordenação juntamente com outros ingleses, fazendo os votos exigidos de castidade, pobreza e obediência e submetendo-se à clausura perpétua.
Nessa época, Roma havia autorizado um projeto de missão beneditina na Inglaterra, procurando manter a Igreja Anglicana sob seu poder. Depois de completados os estudos em Salamanca, João Roberts retornou à pátria, atendendo ao apelo do papa para a evangelização.
Na Inglaterra, foi denunciado e preso, sendo libertado pela ascensão do rei Jaime ao trono, em 1603. Viajou para Douai, mas, em virtude da terrível peste que assolou Londres no verão do mesmo ano, retornou à capital para ajudar a tratar os doentes.
No ano seguinte, os padres foram banidos da Inglaterra por ordem do rei e João Roberts foi detido quando estava pronto para retornar ao Capítulo Geral dos beneditinos, na Espanha.
Ficou preso de 1605 a 1606 em Gatehouse e sua pena foi suavizada pela interferência de Luísa de Carvajal, uma nobre senhora espanhola. Foi exilado e retornou à Espanha, onde organizou o priorado de São Gregório de Douai, sendo aclamado prior.
Novamente retornou à Inglaterra, em 1607, onde voltou a ser preso, permanecendo em Gatehouse, de onde conseguiu escapar uma vez mais. Em 1609 estava de volta à prisão, sendo novamente libertado, desta vez pela interferência do embaixador da França. Retornando à Espanha, trabalhou pela aprovação do Priorado de São Gregório.
Com o desejo de ajudar na evangelização do povo inglês, retornou à Inglaterra mas, como já era visado pelas autoridades, voltou a ser preso e levado ao bispo anglicano de Londres, Abbot, que o acusou de usar o sacerdócio contra as leis inglesas.
Foi condenado à prisão e à morte, mas não se manifestou contra seus adversários, sempre lembrando que sua missão era evangelizar e fazer com que os anglicanos retornassem ao seio da Igreja Católica.
Os registros históricos dão conta de uma passagem que ocorreu na prisão, semelhante às últimas horas de Jesus com seus discípulos. Os presos eram alimentados pela nobre espanhola já conhecida de João Roberts, Luísa de Carvajal, e, numa de suas idas à prisão, foi convidada a participar da última refeição do beneditino. Uma das mulheres que ajudava a preparar as refeições teria lavado os pés de João Roberts.
No dia 10 de dezembro de 1610, João Roberts abençoou os ladrões que seriam executados juntamente com ele e foi levado ao Tybum, o cadafalso que estava instalado próximo ao atual Hyde Park, em Londres.
Os algozes permitiram que falasse ao povo e João
Roberts relembrou Santo Agostinho de Cantuária, trocando em seguida o ósculo da
paz com padre Somers, companheiro de martírio.