O Dia de Santa Ida é comemorado no dia 13 de abril em homenagem àquela que viveu na Europa no século XI, tendo uma grande atuação na divulgação da fé cristã.
Ida foi filha de Godofredo e de Doda. Seu pai, o Duque da Lorraine, era descendente de Carlos Magno, imperador do Sacro Império Romano-Germânico. A santa nasceu no ano de 1040 e teve uma educação prestimosa de sua mãe, voltada para os princípios da cristandade.
Ao completar 17 anos, atendendo a vontade de seus pais, como era costume na época, casou-se com Eustáquio II, conde de Bolonha, descendente do rei Carlos, o Calvo.
Também de fé cristã, seu marido não a impediu que se voltasse para a oração e as obras de caridade, muitas vezes até mesmo a acompanhando, vivendo um matrimônio de grande amor e voltado para as coisas da religião.
O casal teve três filhos, Eustáquio, que foi denominado Terceiro, que mais tarde herdou o condado de Bolonha; Godofredo de Bulhão, que se tornou rei de Jerusalém depois de haver reconquistado a Terra Santa aos mouros durante as Cruzadas; e Balduíno, sucessor de Godofredo no trono de Jerusalém.
Além dos três filhos, Eustáquio e Ida tiveram filhas, uma das quais se casou com o imperador Henrique IV, rei que se tornou célebre ao ter enfrentado o Papa Gregório VII, em 1073, embora tenha achado de boa política implorar o perdão do pontífice tempos depois.
O papa, para castiga-lo, ordenou que permanecesse com pés descalços sobre a neve, coberto apenas um cilício, só o recebendo três dias após o castigo.
A educação que o casal forneceu a todos os filhos teve bons resultados, fazendo com que se tornassem piedosos e tementes a Deus.
Ida mantinha grande humildade, sincera e profunda, desprezando o brilho e a grandeza de sua posição social. Mantinha-se vestidas com ricas vestes, como a condição nobre a obrigava, mas mortificava seu corpo.
Suas obras de caridade eram proporcionais à riqueza que sua família mantinha, atendendo a todo tipo de necessitado, fosse indigente ou estrangeiro, viúva ou órfão. A ocupação que mais lhe agradava era fazer enfeites para os altares e ornamentos sacros para os ministros religiosos.
Enquanto seu marido era vivo, os dois trabalharam na restauração de quase todas as igrejas de seus domínios, inclusive o ainda hoje célebre Santuário de Nossa Senhora de Bolonha. Seu diretor espiritual foi o sacerdote Anselmo, chamado, em sua época, de monge de Bec, região da Normandia, que, mais tarde, também foi elevado à categoria de santo da Igreja. Anselmo, tocado pela piedade de Isa, escreveu para ela diversas obras sacras.
Depois da morte de seu marido, Isa vendeu parte de seus bens e usou o dinheiro para fundar mosteiro, tendo enriquecido muitos deles com relíquias preciosas, parte delas fornecidas por seu filho Godofredo e parte recebidas da Inglaterra.
Por seu intermédio foram fundadas as casas de Santo Wulner de Bolonha, para os religiosos de Santo Agostinho; de Wast, a duas milhas da cidade de Bolonha; e de Nossa Senhora da Capela, próximo a Calais.
Conseguiu ainda restaurar o mosteiro de Samer, na época praticamente arruinado e não se esqueceu de fazer doações às casas de São Bertino de Bouillon e de Affigher, nos Países Baixos.
Os devotos consideram que Ida foi responsável, com suas orações, por muitos dos feitos da Primeira Cruzada. Guilherme de Tiro testemunhou que Ida, por intermédio divino, já conhecia o futuro de seus filhos desde que eram pequenos.
Depois de uma vida dedicada às causas da Igreja, Ida morreu no dia 13 de abril de 1113. Os pobres e carentes, as viúvas e os órfãos, além dos súditos em geral, choraram sua perda, dedicando-lhe orações e sendo agraciados com milagres e bênçãos que solicitavam.
A Igreja mantém relatos de muitas graças realizadas por sua intercessão ainda em vida. Quando estava próxima de sua morte, ela previu a data exata e, depois de falecida, muitos milagres continuaram a acontecer, levando a crescentes romarias ao seu túmulo.
Seu culto foi autorizado pela Igreja em 1808, quando houve a transferência de seus restos mortais da catedral de Arras para a catedral de Bayeux.